ALGUNS ASPECTOS SOBRE O ENSINO INDIVIDUALIZADO
1. O tempo de uma aula
Normalmente, uma aula tem duração de 50 minutos. Verificamos
que quando o trabalho se realiza em duas aulas consecutivas o rendimento
é maior. Por outro lado, a carga de trabalho do professor dilui-se
mais, dando-lhe oportunidade de obter uma interação
maior com cada um dos alunos.
2. Como registrar os desempenhos dos alunos
Descreveremos o modo que achamos mais conveniente, mercê vários
testes realizados. Compõe-se o registro de duas fichas individuais.
a) Para cada aluno é feita uma ficha conforme modelo (anexo
I). No início da aula, cada aluno recebe sua ficha. No final,
o próprio aluno relata o trabalho do dia, indicando a página
em que parou. Nas fichas cujos alunos faltaram, o professor coloca
a notação ausente. Ela tem o sentido de colocar
o aluno a par de seus próprios trabalhos, além de substituir
o diário com chamadas de presença.
b) A segunda ficha (anexo 2), também individual, é de
uso exclusivo do professor. Serve para anotar a data, a unidade testada,
o resultado da avaliação (conceito) e observações
do professor.
3. Como definir a nota final
Várias alternativas foram executadas. Numa delas propôs-se
que os trabalhos resultantes dos testes e dos experimentos práticos
correspondessem a 75% e a prova geral (em cada bimestre), 25%. Propusemos
em algumas classes a simples suspensão de provas gerais. De
certo modo, os alunos manifestavam uma sensação de terem
superado certas "coisas infantis" como provas gerais.
4. Guia de estudo
Na descrição do método, mencionamos o fato de
termos usado um guia de estudo. Nele eram apresentados e indicados
os objetivos da unidade, as leituras necessárias, a resolução
de um conjunto mínimo de problemas e experiências, e
uma coleção sequencial de questões, como orientação
das leitura do texto base a fim de completar o estudo da unidade.
Também era fornecido o processo pelo qual o aluno seria avaliado
(vide anexo 3).
O texto programado que ora apresentamos praticamente dispensa o guia.
Entretanto, acreditamos que o guia cria certas contingências
que favorecem o aprendizado.
5. Como utilizar os recursos do laboratório
Uma das características do método de ensino individualizado
é a auto-ritmação. Em decorrência, dificilmente
um número grande de alunos atinge um mesmo nível de
programa. Portanto, não há necessidade de possuir várias
unidades iguais de equipamentos para que todos os alunos realizem
experiências. Por esse motivo, na sala (de preferência,
uma sala ambiente exclusiva para Física), dois ou três
grupos de alunos poderão estar constantemente realizando experimentos.
Uma experiência deve ser programada para que o aluno sozinho,
ou juntamente com outro, trabalhe eficientemente (pelos resultados
obtidos, verificamos que um grupo de 2 alunos é o ideal), desde
que o assunto relativo à experiência já tenha
sido estudado pelos alunos.
As experiências devem ser planejadas dentro dos recursos disponíveis.
A sua eventual pequena quantidade não irá prejudicar
substancialmente os objetivos do ensino de Física. O texto
programado não é consequência de uma experiência
de Física que deve ser feita. Pelo contrário, a experiência
é um recurso para mostrar determinados princípios básicos
já explorados pelo aluno, como acontece também
com recursos audiovisuais e conferências.
Alguns conjuntos simples de caráter puramente qualitativo,
colocados à disposição dos alunos, srão
úteis. Por exemplo, um conjunto de dois pêndulos simples
acoplados para mostrar o fenômeno de transferência e conservação
de energia mecânica. Algumas experiências são ilustradas
no contexto da obra. Todavia, dentro das disponibilidades da escola,
o professor terá total liberdade de planejar outras que considera
úteis. O único cuidado importante é de que cada
experimento seja solicitado do aluno após este ter estudado
o assunto.
6. A grande quantidade de testes é conveniente?
À primeira vista, solicitar dos alunos cinco a dez testes por
mês leva muitas pessoas que não estejam familiarizadas
com a técnica do reforçamento a exclamar: que absurdo!
Entretanto, pelos resultados obtidos em nossas aulas, averiguamos
que os alunos não se revoltam por ter que realizar tantas verificações.
Ao contrário, muitos têm solicitado para realizar novas
verificações e pedem maiores explicações
sobre unidades já estudadas e testadas. "Realizar testes
é uma delícia" é a expressão comum
que ouvimos dos alunos. O adolescente tem a tendência de se
apegar a oportunidades para mostrar o que é capaz de fazer,
desde que para isso contingências favoráveis sejam criadas.
Por esse motivo, a utilização de penalidades pelos insucessos
torna-se insuportável. O importante é a qualidade do
trabalho final e o reforço positivo que se segue. O aluno que
realiza um teste com 100% de acerto é convidado a prosseguir,
com palavras de elogio, e aquele que não consegue o desempenho
desejado é estimulado a estudar até consegui-lo.
O TEXTO PROGRAMADO
O texto base utilizado no método que descrevemos foi do tipo
instrução programada. Desejamos, inicialmente, comunicar
ao prezado colega a estrutura do conteúdo; depois, enunciaremos
alguns princípios aos quais de fundamenta o texto auto-instrutivo
e algumas normas de como utilizá-lo.
O conteúdo relativo ao ensino do 2º grau foi planejado
e dosado em sequências simples e ordenadas. Ele compreende sequências
de introdução, de ensino, de exercícios e de
questionários.
Na estrutura geral, consideramos tópicos básicos,
tópicos diversificados e tópicos avançados.
Física 2º Grau
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Tópicos básicos |
Potência de 10 - notação
científica
Sistema Internacional de Unidades e medidas - algarismos significativos
Funções e gráficos
Movimentos retilíneos
Vetores
Força - Leis de Newton
Impulso e Quantidade de movimento
Energia - Potência |
Tópicos diversificados |
Movimentos complexos (circular,
parabólico, plano inclinado, sistema de referência
etc.)
Energia Térmica - Termodinâmica
Eletromagnetismo
Ondas - Luz
Estática - máquinas simples
Eletrotécnica
Fluidoestática - Fluidodinâmica |
Tópicos avançados |
Física moderna
Pesquisas físicas |
Os tópicos básicos compreendem um programa fundamental
e são pré-requisitos para a parte diversificada. Devem
ser desenvolvidos para todos os cursos do 2º grau. Conforme ilustra
o esquema acima, são neles desenvolvidas primeiramente noções
de medidas e unidades, funções e gráficos e depois
estudo de movimentos retilíneos, leis de Newton e energia.
Os tópicos diversificados tendem a atender as características
dos objetivos de ensino de cada escola. Assim, nos colégios
de tendência profissionalizante, poderão dar ênfase
a temas como máquinas simples, eletrotécnica, fluidoestática,
máquinas térmicas, além de outros considerados
úteis. Nas escolas tipo "acadêmico", poderão
ser dispensados tópicos de tendências técnicas
(Física aplicada).
Introduzimos em tópicos avançados assuntos relacionados
com a mecânica quântica e relatividade, desenvolvidos
de ponto de vista conceitual e prático. Acompanham "reportagens"
das principais pesquisas físicas em andamento nos principais
centros científicos do Brasil.
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