INTRODUÇÃO À PARTE III
A Parte III trata da dinâmica. Ela aborda a questão
geral, "Por que os corpos se movem da maneira como o fazem?"
A discussão, naturalmente, conduz ao estudo de fôrça
e massa e ao desenvolvimento de importantes assuntos, tais como, quantidade
de movimento e energia.
Em geral, há duas maneiras de abordar um problema de dinâmica.
Uma delas é um estudo detalhado, ponto por ponto, que pode
ser chamado método diferencial. Êste estudo começa
com uma situação inicial particular de posição,
velocidade e campo de fôrça. O campo de força
é utilizado para determinar a aceleração resultante,
e o conhecimento da aceleração toma possível
construir a trajetória, passo a passo. O segundo tratamento
pode ser chamado método de integração. Êle
ignora os detalhes da interação, e deduz algumas das
características do estado final de um sistema dinâmico,
aplicando as leis da conservação que relacionam as condições
finais às condições iniciais.
A maior parte dos problemas de dinâmica, que são de interêsse
frequente para um físico, pode ser melhor tratada por um processo
de integração. É por esta razão que a
Parte III põe em relêvo as leis da conservação.
A estas leis foi dada muito mais ênfase, do que normalmente
se dá em um curso secundário. As leis da conservação
são de grande importância para os físicos contemporâneos.
É importante que os alunos conheçam a sua origem, sua
utilidade e a extensão de sua validade.
Por outro lado, apesar da percepção intuitiva que o
aluno possa ter, êle associará sua familiaridade, na
dinâmica com fôrça e movimento. Portanto, é
natural que a dinâmica seja introduzida pelo processo da diferencial,
passando-se, em seguida, ao estudo da utilidade das técnicas
de integração.
Dentro dêste plano de trabalho, a Parte III começa, no
Capítulo 20, com o desenvolvimento da lei de Newton, F = ma.
O processo é parcialmente histórico, uma vez que os
métodos desenvolvidos por Galileu e Newton, para resolver êsses
problemas básicos, são o início da Física
como nós a conhecemos. Há uma ampla oportunidade, no
Capítulo 20, para desenvolver uma apreciação
do método envolvido, e também para a compreensão
física que surgiu dessa aplicação.
O Capítulo 21 trata de uma série de problemas dinâmicos,
nos quais o campo de fôrça é particularmente simples
e bem conhecido. No caso da fôrça gravitacional, a atenção
é dirigida, principalmente, para o movimento na superfície
da Terra, onde a fôrça pode ser considerada constante.
Próximo ao fim do capítulo, uma evidência que
mostra que a fôrça gravitacional diminui com o aumento
da distância é introduzida. Isto conduz ao Capítulo
22, onde a solução do principal problema do movimento
planetário é desenvolvida num contexto histórico.
Os quatro capítulos restantes da Parte III desenvolvem duas
importantes leis da conservação na mecânica, conservação
da quantidade de movimento e conservação da energia.
O Capítulo 23 estabelece, a partir da experiência, a
conservação da quantidade de movimento, assim desenvolve-a
como uma nova lei física, não como uma consequência
da "segunda" e "terceira" leis de Newton, como
é feito frequentemente. De fato, até o ponto em que
a lei da conservação da quantidade de movimento é
introduzida, a terceira lei de Newton ainda não foi dada. É
importante que o tratamento dêste assunto esteja consistente
com estas considerações. A mistura dessas duas possíveis
apresentações poderá causar maior confusão
aos alunos. A validade da conservação da quantidade
de movimento, como tôdas as outras leis físicas previamente
estabelecidas, está baseada na síntese de um grande
número de observações experimentais.
Os últimos três capítulos da Parte III propiciam
um amplo tratamento do conceito de energia. Êstes capítulos
diferem profundamente dos desenvolvimentos, normalmente dados em muitos
cursos de iniciação. Por esta razão, vale a pena
discutir, rapidamente, o modo como a energia é desenvolvida
nesses capítulos.
Importância do Conceito de Energia. A aplicação
da lei da conservação de energia é um poderoso
método para resolver uma enorme gama de problemas, uma vez
que a energia é um dos conceitos básicos da Física.
Portanto, para o aluno é importante entender, tanto a energia
como a sua conservação.
Omissão de uma Definição. O texto não
faz tentativas para dar uma definição curta e especifica
de energia. Isto nada significa! Ao invés de começar
com uma definição, uma melhor compreensão e apreciação
eventual do significado da idéia de energia pode ser obtida,
através do entendimento de como o conceito de energia é
aplicável a muitos fenômenos. Prosseguindo em tais desenvolvimentos,
o texto apresenta as seguintes idéias:
O têrmo energia é aplicado a uma grande variedade de
características do movimento e posição relativa
da matéria. Um têrmo único é usado, porque
essas grandes variedades de características estão tôdas
ligadas por uma única lei de conservação. A fim
de dar ênfase à extensão do conceito de energia,
e insistir na conservação de energia, o texto propositadamente
evita uma definição superficial de energia, tal como
"a capacidade de fazer trabalho". Em lugar disso, várias
formas de energia são introduzidas, e a conversibilidade de
energia de uma forma a outra é discutida. O conceito de trabalho
é entendido como uma maneira de transferir energia. O trabalho
é definido como uma quantidade básica; é, então,
possível formular uma descrição quantitativa
de muitas formas de energia, partindo de uma quantidade de trabalho
feito para produzi-las.
Plano de Ataque. A estratégia do texto é introduzir
as três formas de energia que aparecem: cinética, potencial
e térmica. Com estas três formas, é possível
discutir a transferência de energia de uma forma para outra,
demonstrando que a energia total é sempre conservada.
Exemplos Ilustrativos. Exemplos podem ilustrar várias
dificuldades que surgirão, se a
energia fôr simplesmente definida como "a capacidade de
realizar trabalho".
Considere uma bola de basebol, movendo-se horizontalmente com uma
velocidade, v. Relativamente à Terra, ela tem uma energia cinética
de 1/'2 mv2. Porém, relativamente a um observador num trem
em movimento, ela tem uma energia cinética diferente. Portanto,
a quantidade de trabalho, que a bola de basebol pode produzir depende
de que ela transfira trabalho sôbre alguma coisa na terra ou
no trem.
Se a bola fôsse lançada horizontalmente do alto de um
patamar, uma pessoa em baixo dêsse patamar diria que a bola
tem tanto energia cinética como potencial. Por isso, a capacidade
da bola de realizar trabalho não depende unicamente da velocidade
horizontal, mas também da altura (ou profundidade) do sistema
em que o trabalho é considerado. (Se o homem cavasse um buraco
na base do patamar, obteria da bola mais trabalho).
A fim de complicar ainda mais a situação, pode-se levar
a bola ao fogo, após haver ela atingido o solo. Pode-se, então,
efetuar trabalho, fazendo funcionar uma máquina térmica
com o calor obtido pelo desprendimento da energia química.
A medição da energia da bola pela sua capacidade de
fazer trabalho exige que se mencione, agora, não somente sua
velocidade horizontal e altura, mas ainda o seu conteúdo em
calor. Além disso, a menos que a temperatura dos gases eliminados
pelo escapamento esteja no zero absoluto, nem tôda a energia
térmica pode ser recuperada como trabalho; uma parte dêsse
calor será eliminada pelo escapamento.
Como um exemplo final, a substância da bola poderia ser aniquilada
pela antimatéria, liberando, assim, energia em forma de radiação.
A partir dêsses breves exemplos das várias formas de
manifestação da energia, é evidente que uma simples
definição não pode dar um sentido adequado à
verdadeira amplitude do conceito. O importante é desenvolver
alguma vivência para a ampla utilidade da lei da conservação,
ao tratar uma grande variedade de aspectos diferentes daquilo que
chamamos energia. Se você fornecer aos alunos alguma apreciação
dessas idéias, êles terão algo mais convincente
do que uma embalagem perfeita, mas incompleta, da definição
de cinco palavras.
MATERIAIS RELATIVOS À PARTE III
Laboratório. Como as outras partes do curso, as experiências
para a Parte III são entendidas como responsáveis por
uma parte significativa do aprendizado. Um bom planejamento e uso
do laboratório não somente contribuirão para
uma maior compreensão dos vários princípios e
suas aplicações, mas para uma melhor percepção
de como os princípios são deduzidos das experiências.
As Notas de Laboratório, no fim dêste volume, incluem
recomendações sôbre o planejamento e a orientação
de cada uma das experiências e respostas às questões
do Guia de Laboratório dos alunos.
Filmes. Os filmes do PSSC, apropriados para cada capítulo,
são descritos nos resumos dos capítulos dêste
Guia. Os filmes relativos à Parte III do curso são mencionados
abaixo, com breves comentários sôbre possíveis
planejamentos.
"Forces" é uma introdução geral à
mecânica. Êste filme pode ser apresentado na primeira
aula sôbre a Parte III.
"Inertia" e "Inertial Mass" são filmes
correlacionados que mostram a experiência básica da lei
de Newton, com um aparelho aproximadamente ideal (sem atrito). "lnertia"
está relacionado às Seções 1-4 do Capítulo
20. "Inertial Mass" está relacionado às Seções
5 e 6. Provàvelmente, êstes filmes serão melhor
utilizados como uma discussão básica de classe, após
os alunos terem concluído as Experiências III-2, 3 e
4, no laboratório.
"Falling Bodies" mostra a proporcionalidade entre as massas
gravitacional e inercial. O filme pode ser utilizado nas Seções
2, 3 e 4 do Capítulo 21.
"Deflecting Forces" evidencia a validade da lei de Newton,
na sua forma vetorial, por meio de uma análise do movimento
circular. Êste filme está relacionado com a Seção
5 do Capítulo 21.
"Periodic Motion" analisa as experiências que demonstram
a relação entre fôrça e distância
e o período de um movimento harmônico simples. Êste
filme pode ser utilizado com a Seção 8 do Capítulo
21.
"Frames of Reference" demonstra como diferentes sistemas
de referências conduzem a diferentes descrições
do movimento, e como uma escolha apropriada do sistema de referência
simplifica os problemas de dinâmica. Pode ser usado, proficuamente,
nas Seções 9, 10 e 11 do Capítulo 21.
"Universal Gravitation" reconstrói, baseando-se na
lógica, a lei da gravitação universal, pela imaginação
de como a lei poderia ter sido descoberta num planêta, em outro
sistema solar que possuísse somente êsse planêta.
Êste filme está bastante relacionado às Seções
6, 7 e 8 do Capítulo 22.
"Elliptic Orbits" utiliza a lei das áreas de Kepler,
para mostrar que uma lei de fôrça do inverso do quadrado
decorre de uma órbita elíptica. Pode ser exibido juntamente
com a discussão das Seções 7 e 8 do Capítulo
22.
"Energy and Work" explora a relação entre
trabalho e energia cinética, conduzindo no final à energia
térmica. Dependendo da discussão em classe, desenvolvida
em tôrno do filme, êste pode ser utilizado em vários
pontos dos Capítulos 24 e 25.
"Mechanical and Thermal Energy" utiliza modelos e experiências
para mostrar a interconexão entre energia de movimento como
um todo e energia térmica de movimento desordenado. É
melhor planejar êste filme com as Seções de 3
a 7, do Capítulo 26.
"Conservation of Energy" ilustra a conservação
da energia, pelos vestígios da variação de energia
na atividade da planta. Êste filme pode ser utilizado com as
últimas seções do Capítulo 26.
Série Estudos de Ciências. Os títulos
mais recomendados, que tratam dos assuntos relativos à Parte
1II do curso, são:
The Universe at Large, Herman Bondi;
The Birth of a New Physics, I. Bernard Cohen;
The Watershed, Arther Koestler.
Livros sôbre gravidade, cosmologia, relatividade geral, relatividade
especial, movimento dos satélites e inúmeros outros
assuntos sôbre a Parte III estão sendo planejados.
PLANEJAMENTO DA PARTE III
Dois possíveis planejamentos para a Parte III estão
indicados na tabela abaixo. O planejamento de nove semanas é
entendido como um guia aproximado para aquêles que programaram
um curso de 36 semanas. O planejamento de 15 semanas indica como se
pode distribuir, eficazmente, um tempo adicional, bem como dispor
de um guia para um curso de três semestres.
|
Planejamento de 15 semanas para a parte III |
Planejamento de 9 semanas para a parte III |
Capítulo |
Períodos
de aula |
Períodos
de Lab. |
Exp. |
Períodos
de aula |
Períodos
de Lab. |
Exp. |
20 |
4 |
4 |
III - 1
III - 2
III - 3
III - 4
|
4 |
2 |
III - 2
III - 3 |
21 |
14 |
2 |
III - 5
III - 6 |
8 |
1 |
III - 6 |
22 |
5 |
1 |
III - 7 |
3 |
0 |
- |
23 |
11 |
3 |
III - 8
III - 9
III - 10 |
8 |
2 |
III - 8
III - 9 |
24 |
9 |
1 |
III - 11 |
6 |
1 |
III - 11 |
25 |
7 |
2 |
III - 12
III - 13 |
4 |
1 |
III - 12 |
26 |
8 |
1 |
III - 14 |
4 |
0 |
- |
Principal
Guia do Professor |