Na realidade, o eixo da esfera externa podia estar ligado à superfície de uma esfera ainda maior; dêste modo o número de esferas podia ser aumentado para representar movimentos mais complexos. Finalmente, todo o sistema girava dentro da esfera celeste, que continha as estrêlas fixas.
Com um número suficiente de esferas movendo-se dentro de outras, Eudóxio obteve uma boa aproximação para o movimento de um planêta. Seus sucessores aperfeiçoaram êste modêlo, usando ainda mais esferas.

No curso da história, foram desenvolvidos muitos sistemas planetários,
   
 
  22 -4 - Diagrama simplificado do sistema ptolemaico dos movimentos planetários.
dependentes de movimentos de esferas, empregando-se mesmo grandes números delas. Em um dos sistemas, somente para Mercúrio havia treze esferas.

Outros astrõnomos gregos tentaram resolver o problema de Platão de modo diferente.

Por exemplo, Apolônio e Hiparco (terceiro e segundo séculos A. C.) desenvolveram um sistema no qual cada planêta move-se num círculo cujo centro move-se sôbre outro círculo. O trabalho dêsses primeiros astrônomos gregos levou ao sistema de Claudio Ptolomeu de Alexandria, no II século D.C. Seu sistema de círculos movendo-se sôbre outros círculos reproduzia os movimentos observados com razoável precisão (Fig. 22-4). Mas suas curvas, que descreviam as órbitas planetárias, eram tão complicadas que havia muitas queixas dos que as estudavam. Afonso X, rei de Castela em 1200, chegou a dizer que, se tivesse sido consultado durante a criação, teria feito o mundo segundo um plano mais simples e melhor. A órbita ptolemaica simplificada de um planêta está indicada pela linha grossa da Fig. 22-5; os movimentos circulares dos quais essa órbita ter-se-ia originando estão indicados também.
 
22 - 5 - Movimento de um único planêta no sistema ptolemaico. Supunha-se que o planêta girasse em torno de um pequeno círculo cujo centro se movesse numa órbita circular em torno da Terra.



22 -2. O Sistema Planetário de Copérnico.

O astrônomo polonês Nicolau Copérnico (nascido em 1473) percebeu que o sistema ptolemaico era demasiado complexo. A simplicidade do movimento circular uniforme desejada por Platão tinha sido encoberta por construções complicadas. A verdade, pensava Copérnico, deve ser mais simples. E, assim, dispôs-se a dar uma resposta mais simples ao problema de Platão, escolhendo um centro diferente para o sistema de círculos.

Tal como outros antes dêle, Copérnico, deu-se conta de que o movimento das estrêlas fixas podia ser explicado admitindo que a Terra girasse. (*). Nossa situação em relação ao céu é, portanto, muito semelhante à de um passageiro num avião. Quando o avião vôa em círculo acima de uma grande cidade, as ruas e avenidas parecem girar. Então, como a Terra gira, as es-trêlas parecem se mover.

Tendo imaginado que a Terra dá uma volta por dia, Copérnico verificou que as órbitas dos planêtas poderiam ser grandemente simplificadas escolhendo o Sol e não a Terra como centro do sistema planetário. Então a Terra não estaria no centro do Universo nem em repouso. Talvez fôsse um planêta e girasse, como os outros em torno do Sol.



(*) Embora a corrente principal do pensamento grego e medieval seguisse uma teoria geocêntrica, Heráclides (cêrca de 370 A. C.) acreditava que a Terra girava sôbre seu eixo, e Aristarco (111 Séc. A. C.) pensava que a Terra se movia em tômo do Sol.

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