Mais tarde essa teoria das perturbações levou à descoberta de um nôvo planêta. No século XIX eram conhecidos sete planêtas. Dêstes, os seis primeiros se comportavam bem; mas o sétimo, Urano, que tinha sido descoberto por Herschel em 1781, não agia tão bem quanto se esperava. Quando foram calculadas as pertubações de sua órbita, devidas aos outros planêtas, o resultado não concordou com os detalhes do movimento observado. Os astrônomos Adams e Leverrier chegaram independentemente à conclusão de que devia haver um outro planêta, ainda desconhecido (mais afastado do Sol, mas bastante próximo para afetar o movimento de Urano); e em 23 de setembro de 1846 o astrônomo Galle achou o nôvo planêta onde Leverrier sugerira que êle o procurasse. Êste nôvo planêta foi denominado Netuno.

Entre os muitos outros problemas a que Newton aplicou a lei de gravitação universal, um é de particular interêsse para nós. Refere-se ao cálculo da aceleração da Lua a partir da lei de fôrça do inverso do quadrado e do valor de g na superfície da Terra (Seção 22-8). Quando realizou pela primeira vez êsse cálculo, Newton considerou as distâncias RT e RL a partir do centro da Terra. Embora fosse natural medir R a partir do centro da Terra, Newton não tinha certeza de que fosse correto. Como êle suspeitava que a lei de atração do inverso do quadrado se aplicasse a dois pedaços quaisquer de matéria, pensou que a atração gravitacional da Terra sôbre um objeto poderia ser a resultante das forças exercidas por cada pedaço de matéria da Terra.

Os diferentes pedaços de matéria que constituem a Terra estão localizados a diferentes distâncias de um objeto localizado sôbre a superfície da Terra. Agindo tôdos êles simultâneamente, produzem sôbre êsse objeto a mesma fôrça que produziriam se estivessem concentrados no centro da Terra? Decresce a fôrça com 1/R2, mesmo nas proximidades da superfície da Terra? Antes de considerar-se satisfeito, Newton tinha de resolver o problema matemático de somar tôdas as fôrças provenientes de todos os pedaços de matéria de que a Terra é constituída. Êle tinha de provar que essa soma vetorial fornecia a lei de fôrça do inverso do quadrado num ponto próximo à superfície da Terra.

Atualmente podemos resolver êste problema aplicando um teorema matemático elegante; mas na época de Newton êsse teorema e sua
base eram desconhecidos. O próprio Newton inventou a matemática necessária (agora chamada Cálculo), para resolver êste problema e outros semelhantes. Quando obteve a resposta, verificou que sua hipótese original estava certa. Quando as fôrças devidas a cada pedaço de matéria decrescem com o quadrado da distância, os corpos esféricos se atraem como se tôda a sua massa estivesse concentrada nos seus centros. Newton exultou.

22-17 - Desenho simplificado do aparelho usado por Cavendish para verificar a validade da lei de gravidade universal para pequenos objetos e para medir a constante de gravitação G.



22 -10. Verificações Experimentais da Lei de Gravitação Universal.


O modo direto de verificar se a lei de gravitação universal de Newton é consistente com o comportamento de qualquer porção de matéria é medir as fôrças gravitacionais entre pedaços de matéria no laboratório. Devemos observar a atração gravitacional entre duas massas e medir a fôrça sôbre cada uma; devemos usar objetos de vários materiais para constatar que apenas a massa determina a atração. Se verificarmos que a lei é consistente com nossas medidas, poderemos então, naturalmente, avaliar a constante universal de proporcionalidade, G.

Tais experiências são difíceis. Mesmo quando duas pedras são colocadas muito próximas uma da outra, elas não se atraem de maneira sensível. Um cálculo grosseiro de G mostra por que. De acôrdo com a lei de gravitação universal, a força gravitacional sôbre a massa m na superficie da Terra é

F = G

O campo gravitacional g é portanto

g = = G

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