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    II WORKSHOP PRODUÇÃO ESCRITA E PSICANÁLISE (2006)

    No dia 5 de dezembro de 2006, o GEPPEP promoveu o II Workshop Produção Escrita e Psicanálise. Cerca de sessenta participantes foram recebidos pelo grupo no auditório da Casa de Cultura Japonesa da Universidade de São Paulo. A partir de contribuições da Lingüística e da Psicanálise, o dia de apresentações de trabalho e de discussões dirigiu-se à construção de propostas para a pesquisa e o ensino do ato de escrever. Para tal fim, organizou-se o evento por meio de sete mesas, cada uma delas buscando responder a uma pergunta geradora previamente pactuada pelos participantes.

    A primeira mesa teve como tema a relação entre leitura, escrita e engajamento subjetivo dos futuros docentes – em direção à autonomia profissional – e foi constituída pelos professores doutores Valdir Heitor Barzotto (FE-USP) e Émerson de Pietri (FE-USP). Barzotto explorou mais detidamente a relação do sujeito com a leitura – foco de suas pesquisas – e incluiu em sua apresentação elementos da Psicanálise, como, por exemplo, a metáfora do corpo despedaçado – o que fazer para que leitor e escritor deixem de visualizar e compor apenas fragmentos desconexos e passem a elaborar e enxergar um todo unificado? Pietri, por sua vez, discutiu em sua apresentação a relação dos professores de Português com seu objeto de ensino: suas considerações trataram mais especificamente do ensino da leitura, e enfatizaram a relação fetichista que parece se estabelecer quando são desprezadas as condições materiais de produção do escrito e é privilegiada a busca de um sentido único para o texto.

    “Escrita e argumentação: o texto entre o público e o privado” foi o tópico da segunda mesa, composta pelos pós-graduandos Carlos Gomes de Oliveira e Bruno César dos Santos. Foram tratadas questões relacionadas à expressão da singularidade do autor no texto – uma composição que fugiria ao senso comum; reflexo dos percursos de quem escreve – e foram discutidos pontos referentes à elaboração de “colchas de retalhos” – resultado da incorporação desmedida de fragmentos de textos alheios na produção textual.

    A terceira mesa abordou a questão do mesmo (reprodução) e do diferente (singularidade) em relação às técnicas de ensino. Participaram da discussão o pós-graduando e músico Saulo Sandro Alves Dias e o graduando Rodrigo Moura Lima de Aragão. Dias falou a respeito do ensino da viola, de sua transmissão tradicional – realizada oralmente – e de outras formas de transmissão, assim como acerca do reflexo que têm essas diferentes maneiras de ensino no desenvolvimento dos violeiros. Já Aragão apresentou técnicas que vêm sendo empregadas no ensino da arte da caligrafia japonesa ( shodô ), em São Paulo, e discutiu a relação destas com a expressão artística dos praticantes – aquilo que seria uma fuga de modelos que não se desvencilha da técnica.

    A quarta mesa do II Workshop Produção Escrita e Psicanálise reuniu as pós-graduandas Mical de Melo Marcelino Magalhães e Emari Andrade de Jesus, e a pós-graduada Ercilene Maria de Souza Vita. Essa mesa abordou a relação professor-aluno, de uma forma geral, e, especificamente, tratou de educação e responsabilidade. Magalhães discutiu o papel do desejo do professor no aprendizado dos alunos. Neste sentido, ressaltou a necessidade do professor descolar-se de um discurso coletivo organizado em torno de um sintoma, permitindo-se angustiar diante do mesmo, para, a partir da angústia, assumir uma posição de produção (em oposição à reprodução) em sua prática, para que o mesmo se dê na prática dos alunos. De Jesus, por sua vez, falou a respeito de uma atitude do jovem pesquisador: a alienação (tanto aquela que se configura como “perversão”, como a do tipo “salvação”). Vita finalizou a discussão da mesa, retomando as questões enfrentadas pelo professor no que diz respeito ao educar e ao responsabilizar-se e salientando que a intervenção do professor provém de um determinado lugar que, mesmo não sendo o lugar do analista, também pode ser capaz de uma fala, de uma escuta e de um olhar que propiciem a responsabilização.

    A quinta mesa, por seu turno, voltou-se ao tópico “O leitor e o texto: labirintos, armadilhas e saídas” e reuniu as pós-graduandas Andreza Roberta Rocha e Janaina Michele de Oliveira Silva. A partir de suas pesquisas – que abordam, respectivamente, aspectos vinculados à leitura na revista Nova Escola e nas tiras de José Simão (jornal Folha de São Paulo ) –, as participantes refletiram a respeito de quando se deixar levar pelo texto (se deixar conduzir pelas trilhas do autor) e, ainda, sobre quando se manter distante de suas tramas (armadilhas?).

    Já a sexta mesa, composta pela graduanda Kelly Gomes de Oliveira e pelo pós-graduando Enio Sugiyama Junior, apresentou uma reflexão sobre metodologia de pesquisa, a partir de dois pressupostos: (1) há inconsciente; (2) existe indeterminação na linguagem. Ambos os participantes tomaram por base suas experiências com pesquisa e assinalaram a necessidade, sim, de rigor metodológico, porém, não de rigidez no que diz respeito aos métodos: caso se considere o fato de que não há dois contextos de pesquisa idênticos, a flexibilidade metodológica constitui um fundamento.

    Por último, a sétima mesa, composta pelas professoras doutoras Marisa Grigoletto (FFLCH-USP) e Claudia Rosa Riolfi (FE-USP), voltou-se à responsabilidade na escrita, por parte dos alunos-pesquisadores, e ao papel que têm os professores orientadores no que se refere a essa responsabilidade. Grigoletto relatou experiências suas com a orientação de pesquisas na pós-graduação e delineou, a partir daí, ações que, acredita, cabem ao orientador, visando o “responsabilizar-se” dos alunos. Riolfi, por sua vez, refletiu a respeito de sua relação com os seus orientandos, também sobre a própria organização do GEPPEP, e, embora tenha assinalado a necessidade do professor orientador ser um personagem ativo no andamento das pesquisas, concluiu que o “responsabilizar-se” vem do aluno e é fruto da construção de uma relação amorosa – responsável, comprometida – com o seu orientador, com a própria pesquisa e com o fazer ciência.