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    VII WORKSHOP PRODUÇÃO ESCRITA E PSICANÁLISE (2011)

    SE ABELARDO PÕE PIERCING, HELOÍSA COLOCA ALGO DE SI?

  • Programação
  • Caderno de Resumos
  • “E se desprezas a reverência divina, que seja, pelo menos,
    o sentimento de honra a travar a tua impudência.”
    Heloísa *

    Como formar as novas gerações para que possam se servir do conhecimento universal para inventar sua singularidade e colocá-la no mundo? Reconhecendo a importância desta discussão, o VII Workshop Produção Escrita e Psicanálise objetiva interrogar os efeitos das diferentes éticas educacionais sobre a relação do sujeito em formação com o saber, a leitura, a escrita e quem o forma. Após terem se dedicado ao estudo de um dos últimos trabalhos de Jacques Lacan**, os membros do Grupo de Estudos e de Pesquisa Produção Escrita e Psicanálise – GEPPEP tomaram As cartas de Abelardo e Heloísa como ponto de partida para vislumbrar como se configurava a formação das novas gerações antes que tivesse florescido o culto da autenticidade e da diferença. Na versão que Abelardo conta de sua vida, pareceu-nos ser possível observar a ficção na qual a pessoa acredita para continuar não produzindo. Ao escrever para Heloísa, não discernindo claramente seus limites subjetivos daqueles impostos pelas instituições, Abelardo projeta seus impasses na perseguição dos representantes do status quo. Este ano, nossas pesquisas têm uma dupla incidência. Por um lado, interrogam os efeitos de se atribuir limites subjetivos a fatores externos. Por exemplo, seria verdade que, uma pessoa submetida à dita formação tradicional, impingida por instituições rígidas, não conseguiria colocar elementos de sua singularidade em circulação? Haveria dificuldades que poderiam ser integralmente explicadas pela formação recebida? Ou seria melhor discernir entre as justificativas que nós nos damos para não termos de nos haver com nossos próprios impasses? Por outro lado, volta-se à elucidação dos efeitos das práticas educativas realizadas pelos descendentes de Pedro que, por terem acreditado em sua versão, iniciaram sua cruzada a favor de uma palavra aparentemente nova, combatendo todas as instâncias de alteridade. Não há dúvidas que ganhamos em liberdade individual, mas teremos ganhado em eficácia pedagógica? Em que medida as liberdades hoje experimentadas não estabelecem novos contornos, também rígidos e direcionados, para instituições e condutas? Como coadunar o direito à diferença com as denúncias dos baixos índices atingidos pelos estudantes? Será mesmo que, para Heloísa poder inovar, colocar no mundo algo de si, Pedro, seu professor, precisa encarnar algum tipo de figuração contra o sistema? Se, hoje, nossas Heloísas recebem mais apelos para ir às compras do que à escola, faz diferença para sua educação se seu professor usa piercing ou tatuagem? Ou, para resolver os impasses na escrita, precisamos voltar nosso olhar para outro lugar? Apostando na necessidade de construir uma nova ética para a educação, nesta VII edição do Workshop queremos partilhar com os interessados os passos que vimos dando nesta direção.

    * ABELARDO, Pedro. As cartas de Abelardo e Heloísa (Correspondance). Lisboa: Guimarães Editora, 2003. p.77
    ** LACAN, Jacques. Le Séminaire, livre XXIII, Le sinthome, Ed. Seuil, 2005.