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    VIII WORKSHOP PRODUÇÃO ESCRITA E PSICANÁLISE (2012)


    INSCRIÇÕES
    PROGRAMAÇÃO




    DEZESCRITA

    Uma história quase sem fim.
    Sempre que o contador, cansado,
    Dizia: “O resto virá depois”,
    Ouvia o resmungo irritado:
    ‘Ora, se o resto é que é o melhor...’
    ‘Pois continue, muito obrigado!’
    (Lewis CARROLL, 2009, p. 09)¹

    O neologismo Dezescrita nomeia uma modalidade de leitura e de escrita na qual, na produção intelectual, seu autor não se limita a obedecer, irrefletidamente, a direção interpretativa presente nos textos que tomou como objeto de estudo. Foi inspirado na Alice no país das maravilhas , de Caroll, e no Tractatus Lógico-philosophicus , de Wittgenstein. Assim, tendo por um lado, o rigor da lógica e, por outro, o deleite do sonho, dezescrita tem três acepções: 1) A de reversão de um processo já concluído. Neste caso, apontamos para a necessidade de desfazer as construções intelectuais previamente feitas para construir algo novo; 2) A de pluralidade. Nesta acepção, pela presença do numeral “dez”, aludimos ao fato de que os modos singulares de agenciar múltiplas vozes devem ser respeitados; e 3) A de avaliação positiva. Aqui, lembramos a nota “dez” que se dá a um texto considerado muito bem feito, acima da média, fruto do trabalho de um autor que, costumeiramente, consegue sustentar sua excelência. Dezescrita aponta, portanto, para a importância dos “Movimentos do escrito” no ensino da Língua Portuguesa. Este foi o nome do projeto de pesquisa que, neste workshop, tem seus principais resultados tornados públicos. Enquanto profissionais interessados nos impasses no aprendizado da leitura e da escrita, percebemos que, dividido em múltiplas posições identitárias, o sujeito apresenta sua leitura multifacetada, incompleta, difícil de ser apreendida. Assim, sua escrita é opaca, pouco generosa com o leitor. Como solucionar isso? A exemplo do que faz Alice, escrever não é procurar a justa medida entre o que se deve dizer e o que deve ser calado? Como propôs Wittgenstein, devemos calar sobre aquilo que não se pode falar? Ou, como habitantes de um admirável mundo novo, devemos dezescrever nosso passado e produzir nosso futuro? É difícil dar uma única resposta a estas questões. Nossas mesas se esforçarão para articulá-las em busca de respostas para os impasses contemporâneos da leitura e da escrita.

    ¹ Todas as citações nesta programação foram retiradas de CARROLL, Lewis. Alice no país das maravilhas. Tradução: Nicolau Sevcenko. Ilustração: Luiz Zerbeni. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
    ² BARZOTTO, Valdir Heitor. Estado de Leitura, Campinas, SP: Mercado de Letras, 1999.
    ³ WITTGENSTEIN, Ludowik (1921). Tractactus Logicus Filosoficus. São Paulo: EDUSP, 2010.