A condição para a releitura e planejamento da escrita é a divisão subjetiva. Esta, por sua vez, depende de um delicado processo cuja resultante é a submissão, por parte do sujeito, a um sistema de referência simbólico que o faz, ao mesmo tempo, mais livre e mais preso à faceta universal da linguagem. O que ocorre com a leitura e a escrita em lugares ou tempos onde e quando o pensamento totalitário é a tentação que se perfila no horizonte? Estamos trabalhando com a hipótese da existência de uma mutação da relação do sujeito com a palavra. Ela faz com que as pessoas não consigam fazer as operações necessárias para enganchar suas representações mentais com o que precisaria ser calculado pelo cotejamento com elementos da cultura. Então, quando alguém vai interpretar uma palavra ou expressão, ele a isola aqui e agora e se vê convidado a interpretá-la em si. Como isso não é possível, acaba usando referências presentes no imaginário imediato, disponíveis normalmente entre seus pares. É como se, ao ler e ao escrever, a pessoa pensasse poder escolhesse o sentido que mais lhe apraz, lhe faz pertencer a algum grupo. Ela se fecha ao diálogo, recrudescendo o pensamento totalitário. Como ensiná-la?